segunda-feira, 25 de março de 2013

Piauí: Filme sobre o primeiro político travesti do Brasil é lançado em Teresina

Longa conta história da piauiense Kátia Tapety, eleita três vezes vereadora. Exibição acontece nesta segunda-feira (25), às 19h, no Teatro do Boi.

Kátia Tapety 02Estreia hoje em Teresina o filme 'Kátia' que conta a trajetória do primeiro travesti a ser eleito para um cargo político brasileiro. A história da piauiense Kátia Tapety, eleita por três vezes consecutivas como a vereadora mais votada do município de Colônia do Piauí, ganha a telona e exibição no Teatro do Boi, bairro Matadouro, Zona Norte da capital, às 19h.

Selecionado em primeiro lugar pelo Prêmio Petrobras Cultural na categoria longa/digital e um dos dois únicos projetos brasileiros escolhidos pelo Fórum de Produção Documental de Buenos Aires de 2009, o longa mostra Kátia no seu cotidiano.

“O filme é resultado de alguns dias de convívio com a Kátia - ela na roça, fazendo compras, discutindo juridicamente a adoção da filha, praticando sua religiosidade, se divertindo, etc. Esses momentos permitem que o espectador tenha a experiência de conhecer Kátia em situações específicas, que provocam sua reação e não apenas informam dados biográficos sobre ela”, conta Karla Holanda, que assina o roteiro e direção do longa.

As filmagens começaram há três anos, no município localizado no sertão piauiense, a 300 km de Teresina e que tem aproximadamente 8 mil habitantes. A cidade natal da protagonista fica a apenas 15 quilômetros de Oeiras, primeira capital do Piauí e uma das cidades mais católicas do estado.

A diretora conta que quando conheceu pessoalmente Kátia, três meses depois de ler sua história na internet, o fato de ela ser a primeira travesti a se eleger democraticamente no país e vir de uma pequena cidade do Piauí, se tornou apenas um dado a mais.

Kátia Tapety 03“A riqueza e originalidade de sua personalidade são únicas; as ações que ela desempenha, com ou sem cargo político, são fundamentais numa região tão premeditadamente planejada para permanecer pobre, atrasada e faminta. Kátia é uma liderança nata, que faz a diferença na vida de muitos ali. Quando a conheci pessoalmente no seu habitat não tive dúvida: precisava fazer o filme”, disse.

Quando pensou em produzir o longa, Karla Holanda havia defendido sua dissertação de mestrado e se preparava para entrar no doutorado. Os estudos foram baseados na quebra de estereótipo em relação ao imaginário construído sobre determinadas localidades e sobre a produção de documentários nordestinos. Segundo ela, a ideia de que o Nordeste e o Piauí são associados geralmente a miséria, seca, fome e machismo é desfeita no longa.

“A história de Kátia Tapety representa justamente uma ruptura de muitas dessas ideias, pelas conquistas que sua trajetória representa aos direitos humanos, por exemplo. O fato é que a primeira travesti a se eleger a um cargo político no Brasil, respeitada e querida pela população, veio de um lugar inesperado: o sertão do Piauí, região de onde se esperam apenas ‘cabras machos’", avaliou.

Exibições
No Piauí, o filme será exibido em Oeiras, no dia 26 e em Colônia do Piauí, dia 27, com entrada gratuita.

O longa entrará em cartaz no cinema em Porto Alegre (RS), a partir do dia 29. No final de maio, será seu lançamento nacional, com estreia confirmada em São Paulo e Fortaleza.

De acordo com Karla Holanda, a distribuição nos cinemas é uma etapa das mais difíceis para um filme autoral, mas depois da confirmação de São Paulo, as negociações com outras cidades têm se tornado mais fácil.

“Espero que seja assim com Teresina, que os cinemas da cidade aceitem colocar KÁTIA em cartaz, pelos motivos mais óbvios: por ser uma história de uma piauiense contada por outra piauiense, que se conecta diretamente com o público local. Além de Teresina, no Piauí só Parnaíba tem também sala de cinema e, claro, seria também muito importante exibir lá”, disse.

Sobre Kátia Tapety
Há 63 anos nascia em Colônia do Piauí, José Nogueira Tapety Sobrinho, de família tradicional na política piauiense. Ao contrário dos irmãos que sempre freqüentaram escolas particulares, Zé foi alfabetizado em casa. Seus trejeitos femininos era a vergonha do pai, extremamente influente no local. Foi só aos 18 anos, com a morte do chefe da casa, que José virou Kátia Tapety.

Kátia não foi motivada, inicialmente, por propósitos políticos. Seu projeto era trabalhar na própria roça. A política chegou depois. Foi quando se elegeu por três vezes consecutivas como a vereadora mais votada do município, chegando a exercer a presidência da Câmara dos Vereadores e de 2004 a 2008 atuou como vice-prefeita de Colônia.

Casada por 22 anos e mãe de três filhos (dois adotados e um de fruto extraconjugal do marido), Kátia leva uma vida como a de qualquer mulher em Colônia do Piauí. Em 2009 se separou do marido e além de criar os dois filhos (o primeiro faleceu após um transplante de rim), mantém um bar ao lado de casa famoso pela galinha caipira.

fonte: G1

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