terça-feira, 30 de abril de 2013

Rio Grande do Sul: Jovem vítima de homofobia é espancado por grupo em Porto Alegre

Luan Hoffmann 01Eram 1h30min da madrugada de sábado (27) quando um grupo de sete amigos caminhava pelo bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, em direção a uma casa noturna. Eles haviam acabado de sair de uma concentração na casa de um dos integrantes e, no caminho, resolveram parar no bar Bola 8, na rua José do Patrocínio, para ir ao banheiro e comprar um pastel.

Neste momento, Luan Hoffmann, de 19 anos, estava abraçado com seu namorado em frente ao bar, enquanto aguardava a amiga que havia pedido comida. Os outros amigos também estavam esperando em frente ao estabelecimento, na calçada.

A agressão começou de forma tão rápida e inesperada que Luan não conseguiu ver muita coisa. “Um cara me empurrou e de repente outros começaram a me agredir. Ficavam nos chamando de bicha e de viado”, recorda, em conversa com o Sul21.

O jovem foi jogado no chão, onde foi chutado e golpeado por integrantes do grupo agressor. Um amigo tentou ajudá-lo e acabou apanhando também. Quando perceberam a movimentação, as meninas do grupo de Luan tentaram intervir, mas foram ameaçadas.

“Ele tentou escapar, mas derrubaram ele no chão. Nos levantamos para tentar ajudar, mas bateram também na gente, levamos tapas na cabeça e arranhões. Uma menina que estava com o grupo puxou uma faca. Ficavam nos xingando muito, dizendo que iriam acabar com a gente se chegássemos perto”, lembra Marianna Dildas, amiga de Luan.

Luan Hoffmann 02Outra amiga do grupo, que não quis se identificar, conta que a menina com a faca falou que os agressores estavam armados. “Não durou nem cinco minutos. Eles saíram correndo cada um para um lado e nesse meio tempo o Luan desmaiou. Foi muito tenso”, comenta.

As vítimas acreditam que se tratava de um grupo de skinheads, pois estavam todos vestidos de forma semelhante, com roupas pretas, coturnos e cabeças raspadas. “Só vieram para cima de mim, que estava abraçado com meu namorado. É algum grupo contra homossexuais”, afirma Luan.

Após a agressão, os jovens foram até o Hospital de Pronto-Socorro (HPS). Parte do grupo foi levada por uma viatura da Brigada Militar que passou pelo local pouco tempo após os agressores terem saído. Luan e o amigo fizeram exames e estão com lesões no olho, na cabeça, no pescoço e nas costas. O jovem só conseguiu chegar em casa às 5h30min.

“O que tem que mudar é a agressão, não uma demonstração de carinho”, diz Luan
Vítima de agressão por homofobia na madrugada de sábado, Luan Hoffmann já registrou boletim de ocorrência e prestou depoimento na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre – cujo titular, delegado Paulo Jardim, coordena o grupo da Polícia Civil especializado em investigações de crimes cometidos por skinheads e neonazistas no Rio Grande do Sul.

Luan Hoffmann 03Apesar do trauma, Luan afirma que não deixará de sair à noite ou de demonstrar afeto pelo seu namorado. “Nunca fui militante, nunca achei que esse tipo de coisa fosse acontecer comigo. Frequento bastante a Cidade Baixa, estamos chocados, mas quem está errado são eles (os agressores). Não vamos mudar, não vamos ter receio. O que tem que mudar é a agressão, não uma demonstração de carinho”, argumenta.

“É preciso que as denúncias venham”, diz vereadora
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Porto Alegre, a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) considera que é importante que as vítimas de agressão por homofobia denunciem os casos à comissão e às autoridades da segurança pública. “Nesses casos, a melhor segurança é a publicidade. Ainda não conheço esse casal agredido mas, se quiserem denunciar, coloco a Comissão de Direitos Humanos a disposição. Podemos ouvi-los e chamar entidades que combatem a homofobia e a Secretaria Estadual de Segurança Pública”, projeta.

A vereadora afirma que, caso as vítimas não queiram se expor, a CDH está a disposição para prestar qualquer tipo de apoio que possam necessitar. “Precisamos buscar o julgamento desses grupos. São recorrentes os casos de violência por parte de grupos que pregam a intolerância e o ódio contra homossexuais, negros e judeus”, lamenta.

Fernanda reconhece que a população acaba se sentindo desestimulada em denunciar ao perceber que muitos casos não são resolvidos pelas autoridades. “Não ter retorno da sociedade e da Justiça faz com que as pessoas não se sintam à vontade para denunciar. Mas a denúncia é muito importante”, afirma.

Ela recorda do caso de agressões praticadas por garçons do bar Pinguim, na Cidade Baixa. Após audiência sobre o tema na comissão, o caso tramita no Ministério Público, que abriu expediente para investigar as agressões. “O caso do bar Pinguim (na Cidade Baixa) foi o estopim para começarmos a receber muitas denúncias de homofobia e de outros tipos de violência. É preciso que as denúncias venham”, pontua.

fonte: Sul21

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